Desci a ladeira ao lado de um infeliz era de manhã o céu todo poluído de azul lascado de nuvens de nada importa o deserto o bolso finito e jeans a camisa do flamengo era o canto torto das calçadas que eu entoava
Peça ao taxista para te deixar no cruzamento
peça
caminhe voluntariosamente
de encontro
ao fluxo
violeta minueto de buzinas
longe da praia
ainda se ouve
a moça cantar
um jovem casal foi assassinado esta manhã
no Maranhão
em Porto Rico
em São Cristóvão
meus olhos estão cheios de imagens
cheios da letra da página do assunto da esquina
da cólera
Você fala
e
na verdade
eu baixo os olhos
aqui de camisa catraca e sinal fechado
vacilo no verbo
imperativo
me escondo
insujeito
sujeitado
na cama estreita
vejo um luar de vidro
ouço o vento pelas frestas
ouço um grito
lá longe
entre outras pernas