Secura
Tenho andado seco
a boca e os dedos áridos avançam tentando
provocar as nuvens para que tempesteiem meu corpo pardo
o morto estava num canto da sala
todos os que chegavam lhe faziam uma saudação fugaz
todos sabiam da sua morte há muitos anos
e regurgitavam suas anedótas nas paredes enquanto a avenida crescia em torno deles
com seus muros seu carros seu esgoto
a avenida é implacável
como um tiro na cabeça
normalmente as quintas-feiras
me lembro
das sombras que a persiana intercalava
sobre teu peito liso
Nenhum comentário:
Postar um comentário