sexta-feira, 1 de maio de 2015

Secura


Secura




Tenho andado seco
a boca e os dedos áridos avançam tentando
provocar as nuvens para que tempesteiem meu corpo pardo

o morto estava num canto da sala
todos os  que chegavam lhe faziam uma saudação fugaz
todos sabiam da sua morte há muitos anos
e regurgitavam suas anedótas nas paredes enquanto a avenida crescia em torno deles
com seus muros seu carros seu esgoto
a avenida é implacável
como um tiro na cabeça

normalmente as quintas-feiras
me lembro
das sombras que a persiana intercalava
sobre teu peito liso

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