sexta-feira, 29 de maio de 2015

Visitinha





Visitinha




Eu não sabia o caminho da Central
me confundia nos corredores
haviam tantos assaltos a noite
e ainda devem haver
faz mais de ano que não te vejo
prometo que farei visita rápida
toda essa tua máquina ambígua
voltas e voltas
vertigens num vestido turvo
e roto
feito de restos em manufatura medíocre
em outra época te olhei nos olhos
hoje me sirvo de fotografias dos outros
você ao fundo
quase sinto teu cheiro intercalado
de maresia esgoto concreto e Sol
arquedutos portões porões jardins
todas essas tuas tentativas
de maquiagem
que
no escuro
ganham o brilho da pele oleosa dos que te percorrem
indiferentes à dádiva amarga
de te possuírem




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