sábado, 18 de abril de 2015

Soneto



Soneto

Todos os dias reponho as pedras no muro caído
é um trabalho sem esperança
com os olhos turvos do sal me levanto
e admiro a tarde que avança

sob meus cabelos hão de nascer novas flores
suplantarão as velhas pontes reviverão os quadros
ainda tenho boa voz de barítono
apesar do lábio já um tanto cansado

enquanto isso as vozes das portas
se colocam empertigadas
coletam apostas sobre minhas idas e vindas

e é mesmo uma completa verdade
que eu sou um pêndulo na casa vazia
com os cães em volta vacilando em vigília

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